Run Rabbit Run
Tem sido um tempo de construção, movimento e paciência. Daqui a uma semana faço 32 anos e me recordo do lugar em que me encontrava há um ano. Em 18 de janeiro de 2019 escrevi num BRT a caminho do escritório que me causava crises de ansiedade: “O mundo muitas vezes vai tentar fazer com que a gente se diminua pra caber em espaços menores que nossa capacidade. E se enxergo situações assim como um alongamento? Ao invés de me esforçar pra caber eu me estico. Cresço ao permanecer no desconforto, pra depois alcançar o espaço maior que almejo. E que provavelmente vai se tornar pequeno de novo. Aí alongo mais um pouco. O yoga me ensina isso todos os dias: que flexibilidade anda lado a lado com a força. E que, se eu tiver consistência e paciência, elas crescem. Dentro e fora do tapetinho.”
Há quatro meses iniciou-se minha jornada ao desconhecido. Ainda vivo mais na base das perguntas que das respostas, mas vou criando um maior repertório para sustentação da incerteza. E hoje me percebo num movimento diferente ao do que me encontrava ano passado: ando fazendo amor com a vida. E fazer amor não tem nada a ver com controle. É um ato de entrega ao fluxo, de doação, de atenção ao outro e aos próprios desejos, é perceber quando agir e quando só deixar acontecer. É um viver que foge do mainstream dualista de certo/errado, rosa/azul, agora/nunca. Se assemelha a uma negociação, uma dança.
Nesses limiares nossas prioridades se tornam mais claras, o que facilita bastante a escolha. É interessante perceber como a própria vida trata de dar respostas ou ainda mais perguntas através de uma nova aluna, algumas portas fechadas ou até mesmo um “agora não dá”. E muitas vezes a resposta tem sido: “aprenda a lidar com a frustração de não ser sempre da forma que imaginou”. Outras variações já foram “isso, é isso que amo fazer!”ou “o que mais preciso colocar no mundo para ter os resultados que busco?”. Basicamente é aprender a navegar com um GPS interno o tempo todo. Cansativo e frustrante para caralho, sim. Mas, como se trata de um sistema de navegação único, vez em quando o destino é mágico em igual proporção.