Americanah, por Chimamanda Ngozi Adichie
Antes de embarcar num livro gosto de pesquisar sobre a vida do autor. Sinto que me aproximo de seu mundo e consigo entender um pouco mais a mente de onde saíram as páginas que me aguardam. É como se eu conhecesse melhor o condutor que irá me guiar por uma viagem que se inicia.
Em poucas palavras Chimamanda é uma escritora nigeriana de 42 anos conhecida por abordar principalmente questões que envolvem racismo e feminismo. Foi morar nos Estados Unidos aos 19 anos e por lá estudou Comunicação, Ciência Política e Escrita Criativa. Hoje ela se divide entre Nigéria e Estados Unidos ministrando cursos de escrita e palestras sobre variados temas. Além de Americanah, possui outros quatro livros publicados.
Feito esse parênteses, vamos à obra. A escrita de Chimamanda é deliciosa. Seus personagens têm nuances muito bem elaboradas que fazem com que a gente se identifique com suas tecituras. O livro relata a trajetória de Ifmelu e Obinze que saem da Nigéria para navegar em terras estrangeiras: Estados Unidos e Inglaterra. Através dessa jornada nos deparamos com reflexões sobre raça, pertencimento, imigração, identidade e cultura. Tudo bem costurado na história dos personagens e de maneira muito provocativa. Em literalmente uma viagem por três continentes, a escritora nos faz enxergar tais questões através da ótica de seus personagens. Um dos méritos do livro, a meu ver, foi conseguir explorar as diferentes camadas que envolvem esses tópicos sem simplificá-las através de dicotomias já conhecidas. Tampouco se dispõe a trazer respostas, mas sim a nos deixar com a cabeça fervilhando de questionamentos urgentes.
Chimamanda trouxe para mim através de Americanah a prova de que temas sérios não são e não devem ser exclusividade da esfera acadêmica. A literatura, assim como toda forma de arte, é uma ferramenta que aproxima tais discussões de outros públicos — talvez os mais afetados por estas mesmas questões.
